Eu
queria me resumir ao preto e branco. Uma estratégia para simplificar e
produzir. Me transformei em linhas, sem pretensão que surja a cor. Quero fases
de fundos brancos. De vazios respiradouros, de vazios compreensão. Não quero
criar um emblema ou seguir um padrão. Se é que a falta de alguma coisa já não é
a própria coisa nos coisando um porvir.
Este
ano foi tão mental que fiquei mais nas palavras, naquele blábláblá interno que
não leva a absolutamente nada. Aí descubro que as linhas e as cores fazem
falta. Aquelas que não são feitas por obrigação, claro. Não sou boa em
acabamentos. O imperfeito faz parte da obra, mesmo que se troquem as pessoas e
os pronomes. Gosto de citações para poucos. Elas me fazem parecer quase
inteligente. Eu deveria focar em sonhos, não em frustrações. As pessoas sonham
colorido? Artistas filosóficos. Voltamos aos tais malabaristas. Os assuntos
mudam com o tempo. Já fui mais cuidadosa
com as minhas criações. Parece que estou aqui forçando ângulos e vomitando
palavras e mais palavras daquele blábláblá.
Não
gosto do papel da coitadinha, mas vivo me sabotando. Meu problema é
auto-estima. Inconstância. Na verdade eu só preciso da mesma coisa que a mulher
do Horácio.
É
como se a inspiração tivesse acabado quando deixei de ter quem chocar. É quando
a vida toma umas proporções drummonianas, totalmente despretensiosa , a
encontrar pedras no caminho. E tudo ganha repercussão até que eu me sinta a
anônima mais famosa. Esse ano fiz isto sem os figurinos. Este ano a maioria dos
meus improvisos não deu certo e meu telefone continua ligando sem querer pra
pessoa de quem eu estou falando escutar. É o cúmulo da minha auto-sabotagem!
Tiveram outras bem revoltantes e sobre as quais desconfio que é melhor calar.
Mais um elemento para dar margem ao imaginário que cerca a minha ilustre
pessoa. Isto não é fé, é graça. Sarcasmos de mim mesma.
Odeio
o meu aspecto apaziguador e razoável. Se é que tenho isso. Domingo expressei
meu desconforto com uma caixa de sonhos para o ano que vem. Eu sei lá o que eu
quero pro ano que vem. Quero aprender a não puxar meu próprio tapete. Missão artística
e filosófica intensa. Muita meditação e um copo de água a cada 30 minutos. Eu
tenho medo de traçar planos para o futuro. Eu evito. Fujo do pré-programado. Me
frustra quando o que eu programo não dá certo. O Pateta Vietnamita tinha razão:
frustração fere meus sentimentos. Vou deixar o Pateta aqui antes que ele
suscite debates.
É
como se eu não lesse email para não ver a hipocrisia. Fui o mais otimista que
pude até agora. Tentei pensar que era uma ilusão minha, que sou cismada. É
realismo surreal, mas existe. Este é o acessório básico para pessoas, que como
eu, possuem imã pra maluco. Depois de um
tempo a gente relaxa. Eu me divirto, mas esse
ano foi diferente e isto me fez questionar sobre o meu limite de
tolerância.
Termino
cheia de reclamações de mim mesma. Não teve ritual diplomático que resolvesse.
Está todo mundo esperando atitude sem mexer a bunda. E ainda se tem coragem de
criticar a tal popozuda. Alguns se tornam adultos e se acomodam. Pensar nisto
me entristece. Eis a explicação pra minha síndrome de Peter Pan.
pode até parecer cruel, mas ri horrores lendo isso nessa sala de professores perdida no mar. sensato, absurdo e tragicômico, como o próprio dia de ontem, beibe... calma que o ano só está um pouco além da metade.
ResponderExcluirvejo avanços cavalares em nossa terapia!
;D