domingo, 30 de outubro de 2011

Cólicas Intestinais


Nos antepastos filosóficos
Regurgito o almoço.
O rei na barriga:
Cara de fome,
Falsidade no nome.
Arrotos de sapiência,
Flatulências mascaradas de rosas e jasmim,
Elas fedem mesmo assim!

Poéticas paródias de interpretação.

Esqueça substâncias
e essências.
Fixe no corpóreo
sem dualismos metafísicos.
Espelhe dogmas no meu corpo,
tuas chagas existenciais.
Cale-se,
ou me fale com clareza dos teus vícios de linguagem.
Mergulhe na obscuridade,
na flora úmida,
das minhas incertezas.

Funil


Cefalópodes
Pedra da loucura
Leitão leitor de cavalgadura
Teias de aranha
Marchas de carnaval
Cores de sonhos
Coifa de pesadelos
Ludo
Decantação

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Picas e Putas


Pintar amores de picas e putas,
 os mais sinceros poemas.
Sofá vermelho paixão, lençol roxo batata e o par de tamancos azul pastel.
Um abajur cor de carne.
Minha Padilha de férias no México.
Bordéis ressonantes com a noiva puta.
Uma Porcina. Uma Tieta. Uma Hilda.
Meus cabarés com piano de calda e uma cantora sensual vestida de longo.
Paradas de caminhoneiro.
Amor de terra do pescador.
O bingo erótico do tal Elias.
Tsunamis de Iemanjá.

Infância

Os grandes lábios do segredo,
discretos espirais.
Laços, núcleos infelizes.
Cadernos rabiscados
O sensível, insensível por repetição.
Vulnerabilidade do reviver.
O ciclo do eterno retorno.

Oráculo de Delphos

Conselheiros, curandeiros.
Xamãs.
Baixem os santos,
Clamem aos deuses ou Dephos.
Mães de santo.
Orixás e toda a falange,
a falanginha,
a falangeta dos meus dedos tortos
que não benzem,
mas acessam o google.

...

Bêbados franceses.
Ladainhas filosóficas.
Piloto de fuga na carochinha.
Ouvido de tuberculoso.
Mantras à Krishna.
De repente dadaísta.
Cubos, rolos e dados.
Atalhos para perder o rumo.
120 minutos ou a vida inteira?
O que mais além de tempo?
Sopro, geração geradora.
Símbolos desconhecidos, irrigações mitológicos.
Tudo faz sentido,
ou sentido está.

Imaginário


Boa Viagem
Sem os pluft plaft zum
Zumbi dos Palmares
Priscila princesa do Arsenal
Presa na torre de Malakoff
Sem tranças para jogar
ao  caleidoscópio
de conde Dimitri
ou do cabeça de funil.
O cheiro doce de fruta boa logo cedo.
A brisa úmida das tardes quentes e
O ardido de mijo durante a noite.
Marrom Moreno
Cabeça de nego nas ladeiras da sé
Formosa e santa
Purificadora dos pecadores ou profanação dos santos?
Marco zero.

Conto


Eu me senti sozinha. Perdida em território estranho.Um amparo que se resumiu na curiosidade de uma viagem. “O mais falso da instituição”. Da instituição? Admito que perdi. Quando foi que eu ganhei mesmo? Algumas gozadas não dizem nada até que saibas quem eu sou. Mas é preciso que eu entenda que não é  todo mundo entende linguagem sublimar, mas juro que sou clara!
Uma estrela como cúmplice, consciência alterada, passos no corredor em véspera de queimada às bruxas. Meus surrealismos dadaístas pra dizer que ontem tive medo e agora perdi a paciência. Relevância nula para o meu lattes. O que o desprazer de hoje me faz pensar que amanhã será diferente? Qual a relevância pessoal de tudo que eu escutei?
Meu imaginário seminarista é ingênuo.  Um dia eu quis ser freira e minha mãe não comprou a idéia. No lugar dela eu compraria. Seria mais simples resolver o problema da eterna adolescente. Feche a porta, acenda um cigarro, se enrole no lençol... lá vem a história. Estou ansiosa por estar fazendo coisa errada com barulhos de gente por perto.
Revelar segredos. Eu confesso que não lembro quantas tequilas eu deveria ter tomado – o verbo é neste tempo mesmo – para agüentar a maratona canônica de hoje. Segue a lavagem cerebral. “Eu não nego quem eu sou, mas isso não quer dizer que não quero ser ordenado”. Nem tudo é tão celestial quanto me parecia. Estratégia inteligente.
Aí me volta a questão da carne, do carnal. Não negar quem se é. Não negar seus desejos, mas mascarar-se pelo dogma. Canalhice com minha esperança, minha mosca que não conseguia sair da garrafa. O cara se veste numa camisa de força para ir à festa.  Amanhã almoço em casa.
Salvador Dali de mãos em ovários encantados. Madruguei versos esta manhã. Me vesti, repensei e mudei o rumo. Que diferença faz? De repente me dei conta de que não tenho obrigação de agradar ninguém. Tenho mais o que fazer. Estou remoendo minha decisão, justificando coisas a mim mesma. Não tem mais o que justificar. Não tenho mais energia pra buscar justificativas e me apoio na sensação de quase descaso que senti. E do ciúme que lhe lançou a fecha negra, infelizmente não furou a garganta o suficiente. Qual a resposta ideal daquela pergunta tal?
Ele riu enquanto reclinava o banco e dizia “ela não almoçou”. Cúmplice, justificando ao marido dela  a saidinha demorada para o almoço com a amiga enquanto ele trabalhava. “Almoçamos no posto”. A primeira refeição tinha sido a meia hora, na padaria. No almoço beberam cerveja. Umas três cada um. Alguns cigarros e discursos sobre o sexo dos anjos. E se o marido soubesse? Se ele soubesse não teria graça ter ficado apenas nas cervejas.Algumas vezes  ela pensou em não ficar apenas nas cervejas. Há muito tempo não sabia o que era sexo com o marido.  A barba mal feita, o sorriso safado e aquelas mãos que não paravam de lhe tocar os braços durante a conversa. Algumas vezes ela imaginou a mesa caindo. Se o marido tivesse 5 minutos a mais ele teria a arrastado dali pelos cabelos, estilo homem das cavernas. Só teve coragem de perguntar de onde o tal amigo era, talvez pra traçar o tipo de relação estabelecida ou prestes a se estabelecer. “Sou de Balneário”. E o marido voltou ao trabalho vendo os bancos do carro reclinando. Não é o que aconteceu.  É o que ele pensa que aconteceu. “Vou para casa da mãe hoje, não vou deixar ela sozinha hoje depois do que aconteceu”. E ela voltou pra casa sozinha embora as portas do carro tenham ficado o tempo inteiro abertas. A impaciência venceu o medo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

domingo, 2 de outubro de 2011

Freezer

Silêncios guturais.
Gritinhos líquidos no rock in rio.
Religiosos ganidos noturnos...

Deixa quieto!