domingo, 18 de setembro de 2011

Ano Novo


Acendi velas.
Acendi incensos e cigarros.
Mantive a consciência alterada,
Alguns chakras abertos.
Revi meus amores,
Meus padrões infantis.
A eterna síndrome do abandono...
O mergulho pisciano se aproxima.
Mudanças de pele, instituto butantan, antídotos.
Até ontem previ dores, a partir de amanhã quero parir prazeres.
Em 10 anos fiquei mais erudita.
Que nos próximos 10 eu fique mais humana.
E finalmente, que eu aprenda a celebrar.

Noite de Kins

Gira, roda
se balança na fogueira.
Canta.
Embala, encanta.
Cirandeia, serpenteia
na chama da fogueira.
Queima, dissolve.
Dilua e flua.
Flutua.
Grande nuvem
que não habita tamanho céu estrelado.
Evapora e fim.

Abolição

Me leva pra África,
antes que eu vire tua sinhá.
Te atira na minha senzala,
me cozinha feijão.
Meu negro Sirilo,
vem gingar capoeira,
dançar candomblé...
Do navio negreiro
ao quilombo de Zumbi.

Na terra de cegos

O ritual.
Moer a erva, tirar a semente...
Deslizar os dedos, a língua...
Debaixo da lua crescente,
Tudo nos leva ao cruzeiro do sul.
Submersos no escuro deserto:
Led Zeppelin, nós e as três marias.

Oxigênio

Nas sombras inclusas
da fumaça que ainda resta,
Defilo pelas esquinas
a coragem de ainda ser quem sou.
Exibo a cara marcada,
o pulso cortado e as mãos,
que o tempo me obrigou atar...
A dor de cabeça constante,
os efeitos das drogas burguesas.
É a vida - que cega - me acusou.
Ouça a voz do tempo,
ele não dormiu.
E eu continuo a dormir...

O Centro

Entre céu e terra,
nasce o anjo.
Entre mar e soluços,
surge a luz.
A foice, a lua, a morte...

Entre uma calçada e outra,
pedras da rua.
Complete: desperte!
A terra, o vento, ao pó.

Entre os montes e as árvores,
o riacho entre margens.
Entre linhas.
A água, a vida, a fé.

Entre bocas e línguas,
entre beijos, tuas lágrimas.
Sobre a face: sobrancelha.
O êxtasem a loucura, o pão.

Entre ver e sentir,
o coração.
Entre mim e ti,
escuridão.
A mão, o pé, a solidão...

Erótico Éden

Círculos, cliclos, signos, silfos, cisma.
Símbolos - singelo sino - cinistros.
Simples solidão: cataclisma!
Circuitos, cinismos, cidades, cistos.

Erótico éden, eterno, éter, elo...
Estas estrelas, êxtase escuro.
Orgasmo elouqüente!
Encruzilhada, ereção. Sussurro...

Imagem, impressão, estação, intuição, igual.
Inverter, inverdades, paixão.
Intimidade, intriga, anormal, dual.

Ultrapassar - utopias - coração!
Unir, humanizar, tornar ideal.
Círculos, encruzilhadas: ilusão.
Soa o sino.
Solto, suave,
singelo, simples.
Soa o sino.
Surdo, sem som.
Soa o sino.
Sonoro, selvagem,
saudoso, suado.
Soa o sino, soa.

sábado, 10 de setembro de 2011

Bendito

Rendo graças
Aos teus pecados,
Príncipe Dioníso.
Entre taças de vinho,
o coração da duquesa.
Casto deus da liberdade,
Velado em meu seio
tua humanidade.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Jardim de Borboletas

Meio litro de chá de camomila.
Overdose de filosofia fast food
E um nexium em jejum.
Suco gástrico naquilo que borboleteia.
Não é solidão.
É gatrite!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

No mundo da vaca malhada.
O que é meu e o que é da vaca?
O que se faz por amor?
E o que se faz depois do meio dia?
Tanta força inútil sem resposta.
Quantos calos precisariam ser pisados
para que as feridas cicatrizassem?

Príncipe

Meu pé é pequeno.
Mas minha boca é tão grande,
que deve ter engolido aquele tal sapo dos contos de fadas...

Eclipse

Olhos vermelhos,
Boca faminta.
Maresia de neblina
em fragrâncias de esperança.
Um certo luto e muita preguiça.
Vontades dormentes e dois laxantes.

Rotas de fuga

Mente sã para me fazer de louca...
Haja madre Tereza
para tanta caridade.
Santa Insanidade: iluminai!

Racional

Humanidade não é transcrita em títulos ou méritos
Sagrados ou profanos...
Tanta acidez que nãose cura com anti-ácido.
Tanta cara de pau que não é polida com lustra móveis.
Entre palavras de uns e verdades de outros,
Mil disfarces e duas hipocrisias.